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Nos últimos dias, o Brasil assistiu com horror a um vídeo em que alguns jovens brancos fazem piadas acerca de uma festa em que estiveram presentes. De acordo com o que é possível ver na gravação, uma das pessoas presentes diz precisar de um banho depois de ter sido tocada por muitas pessoas diferentes. Nesse momento, um outro jovem diz “Foi preto né?“, claramente com o objetivo de contar uma piada.
A expectativa, nesse caso, era fazer com que as amigas dessem risada do comentário, o que de fato aconteceu. O problema é que por trás desse comentário está um peso histórico extremamente pesado para o brasileiro, que é a herança do racismo. Assim sendo, além de punir, é necessário conscientizar as pessoas sobre a importância de serem cuidadosas ao fazer humor seja publicamente ou no conforto da intimidade de sua casa.
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Nesse contexto, vale a pena questionar: O que de fato é engraçado? Do que é que vale a pena a gente rir?
O papel do humor no ato de contar uma piada
De acordo com o site conceito.de, uma piada é “algo que se conta ou que acontece e que tem graça. Pode tratar-se de uma expressão espontânea ou de uma breve história que dá vontade de rir.” Além disso, é possível qualificá-las em boas ou ruins. Assim, “As piadas boas são aquelas que cumprem com o seu objectivo e despertam a vontade de rir no receptor. As piadas más, por sua vez, fracassam no seu efeito final.”
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Levando em consideração essa definição, trataremos neste post de 3 critérios para você usar como triagem antes de contar uma piada. No entanto, vamos ter em mente aqui que o receptor da piada é toda e qualquer pessoa, de modo que você não pode selecionar seu público antes de abrir a boca. Se sua história falha em algum deles, provavelmente é melhor ficar calado. Vamos a eles?
Uma piada é algo que tem graça para quem escuta
Vamos começar a partir do princípio de que não é todo mundo que ri de tudo, o que se torna um critério especial principalmente no que diz respeito a povos e raças. Assim sendo, apesar de você achar engraçado contar uma piada a respeito do cheiro de uma pessoa negra, isso não tem graça para uma pessoa negra.
Esse ato de procurar humor em um julgamento preconceituoso é criminoso e, mais do que isso, não retrata a realidade. A característica de cheirar mal não tem nada a ver com raça, mas ao hábito de cuidar da higiene pessoal. Ou seja, não se restringe à cor de ninguém, de modo que propagar uma piada com esse sentido é calúnia.
Uma piada dá vontade de rir em quem escuta
Voltando à piada do cheiro ruim, como alguém se sentiria confortável ao rir a respeito de um comentário que fere sua raça e povo? As pessoas sabem quando estão agindo de modo imoral, tanto que, no vídeo mencionado acima”, uma das meninas restringe o comentário feito sobre os negros ao dizer “Não fala isso, é para o Instagram“. Isso diz claramente que está evidente para ela que nem todo mundo vai achar graça no que foi dito.
Se não é engraçado para todo mundo, melhor guardar para si , ou melhor, mudar de perspectiva.
Uma piada não causa outra sensação senão o riso em quem está ouvindo
Bom, esta é uma terceira maneira de reforçar os dois critérios acima, mas com uma diferença. Dado que contar uma piada é algo que se faz a fim de provocar o riso, de modo que qualquer outra resposta para além da risada indique o fracasso do objetivo, obviamente uma piada com temática racista e xenofóbica não deve ser aceita. Quem está do lado das vítimas do preconceito terão qualquer outro tipo de reação, exceto rir.
Além de trazer notícias relevantes e atualidades, nós do News Folha temos o compromisso ético de informar nossos leitores acerca desse tipo de comportamento. Se você tem o hábito de contar uma piada racista, homofóbica, xenofóbica ou que exclua qualquer grupo social do seu público, é melhor não dar continuidade ao hábito. Preconceito é crime e dá cadeia.
